Envelhecimento e sobrecarga do sistema de saúde explicam alta nas mortes por câncer em Juiz de Fora, avalia oncologista
O mês de novembro é lembrado como alusão à prevenção do câncer de próstata, tipo de neoplasia mais comum identificada nos homens. shutterstock Neste Di...
O mês de novembro é lembrado como alusão à prevenção do câncer de próstata, tipo de neoplasia mais comum identificada nos homens. shutterstock Neste Dia Nacional de Combate ao Câncer, 27 de novembro, o g1 trouxe um raio-x sobre os tipos de câncer que mais matam em Juiz de Fora e no aumento de mortes provocadas pela doença na cidade na última década. Entre 2014 e 2023, o crescimento foi de 24,45%, segundo dados do Ministério da Saúde analisados pelo Observatório de Oncologia. Em 2014, foram 683 mortes por tumores na cidade. Já em 2023, o número subiu para 850, a maioria de homens. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp Para interpretar os dados, o g1 conversou com Alexandre Ferreira Oliveira, professor, chefe do serviço de oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e recentemente eleito presidente da Sociedade Mundial de Cirurgia Oncológica (WSSO). Para ele, o crescimento no número de mortes está relacionado ao maior número de diagnósticos e também ao aumento da expectativa de vida da população. “Aumentou-se o número de diagnósticos e aumentou também a expectativa de vida das pessoas. As pessoas estão vivendo mais, ficando idosas e, com isso, aumentando os casos de câncer”. Com o aumento da demanda, na avaliação dele, há sobrecarga no sistema de saúde, o que dificulta o tratamento adequado. “Infelizmente teve aumento na demanda de pacientes com câncer e uma sobrecarga de sistema. Há muita dificuldade das pessoas em fazer alguns exames, como endoscopia, colonoscopia e laringoscopia”. Ascomcer é um dos centros de tratamento contra o câncer em Juiz de Fora Reprodução/TV Integração Ainda conforme o médico, o maior número de óbitos de homens tem relação com o autocuidado das mulheres: “A mulher procura fazer mais exames de rastreamento com mais frequência do que os homens”, avaliou. Falta de serviços especializados Atualmente, Juiz de Fora tem três unidades de assistência de alta complexidade em oncologia (Unacon) pelo Sistema único de Saúde (SUS): Instituto Oncológico, Ascomcer e Hospital Doutor João Felício. Para Alexandre Ferreira, por mais que as unidades ofereçam serviços de excelência no tratamento, ainda há necessidade de equipamentos que permitam melhora no diagnóstico: “Ainda há falta de serviços especializados para tratar o câncer. Temos essas três unidades, mas muitos diagnósticos são feitos fora da Unacon, como no Hospital Universitário, por exemplo, que tem oferta de melhores equipamentos para exames”. Para ele, a redução do número de casos depende da tríade prevenção, diagnóstico e tratamento. “É preciso pensar em cirurgia adequada e diagnóstico precoce associado ao tratamento inter e multidisciplinar e combate a fatores de risco, como tabagismo, etilismo, combate a obesidade e atividade física”, explicou o especialista, que, como presidente da WSSO, também avaliou o panorama mundial de combate à doença. Alexandre Ferreira Oliveira é um dos maiores especialistas em oncologia no Brasil SBCO/Divulgação “É necessário a padronização de condutas no mundo todo e o melhor tratamento, principalmente em países pobres. Atualmente, somente 25% dos pacientes têm tratamento adequado e 75% não tem tratamento”, concluiu. Confira na tabela abaixo os 10 principais tipos de câncer que mais matam em Juiz de Fora: Principais óbitos por tipo de câncer em Juiz de Fora Os 4 tipos de câncer mais letais em Juiz de Fora Ao longo dos 10 anos, segundo dados do Observatório de Oncologia, as mortes por câncer de traqueia, brônquio e pulmão foram as que mais aumentaram, passando de 79 para 91 óbitos confirmados. A análise também indica maior incidência de câncer de cólon e reto na última década, assim como câncer de mama e câncer de próstata. Para o oncologista, os dados refletem uma tendência global da incidência dos casos, sem particularidades específicas da cidade. “O câncer de pulmão é um dos mais letais do mundo. Possivelmente vai aparecer em um dos primeiros em todas as cidades de estudo”, pontuou. LEIA TAMBÉM: Sobrevivente de três cânceres transforma dor em acolhimento: 'A vida me salvou para que eu pudesse cuidar dos outros' Morre engenheiro que mostrava rotina de tratamento de câncer raro nas redes sociais Câncer é a principal causa de morte em 670 cidades do Brasil e pode liderar o ranking até 2029, diz observatório Pesquisadora brasileira cria caneta que detecta câncer em 10 segundos ASSISTA: Mais de 3,4 mil homens esperam por consulta com urologista em Juiz de Fora Mais de 3,4 mil homens esperam por consulta com urologista em Juiz de Fora VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes