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Áudio vazado, denúncia de corrupção e esquema de propina: entenda acusações contra irmã de Milei

Presidente argentino, Javier Milei, e sua irmã Karina Milei. Gustavo Garello/ AP Photo Um escândalo vem atingindo a alta cúpula do governo da Argentina desde...

Áudio vazado, denúncia de corrupção e esquema de propina: entenda acusações contra irmã de Milei
Áudio vazado, denúncia de corrupção e esquema de propina: entenda acusações contra irmã de Milei (Foto: Reprodução)

Presidente argentino, Javier Milei, e sua irmã Karina Milei. Gustavo Garello/ AP Photo Um escândalo vem atingindo a alta cúpula do governo da Argentina desde semana passada. Um áudio gravado por um ex-aliado do presidente Javier Milei acusando de corrupção a irmã dele, Karina, vazou para a imprensa e agora está sendo investigado pela Justiça. Braço direito do irmão, Karina Milei é secretária-geral da Presidência na Argentina. Segundo a denúncia feita por Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis) - demitido um dia depois da divulgação do caso -, ela e o subsecretário de gestão institucional do governo, Eduardo "Lule" Menem, estariam cobrando propina de indústrias farmacêuticas para compra de medicamentos para a rede pública. "Estão roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApp de Karina", diz ele na mensagem. A medida tem potencial de impactar Milei demonstra apoio a irmã e posa sorridente a seu lado em 1ª aparição pública após denúncias de propina contra ela Derrotas no Congresso e escândalos expõem pesadelo de Milei antes de importantes eleições na Argentina ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A seguir, entenda o caso 🔍 Quais são as acusações? Diego Spagnuolo afirma que havia uma rede de cobrança de propinas na Andis, com exigência de até 8% sobre o faturamento das farmacêuticas para garantir contratos com o governo - o negócio renderia até US$ 800 mil mensais (cerca de R$ 4,3 milhões). Segundo ele, Karina Milei recebia a maior fatia do faturamento, entre 3% e 4% do valor arrecadado. Eduardo “Lule” Menem é apontado como o principal operador do esquema, com apoio de empresários ligados à distribuidora Suizo Argentina 📅 Quando o escândalo começou? O caso veio à tona com o vazamento dos áudios na quarta-feira passada (20), provocando uma crise inesperada no governo Milei. A repercussão foi imediata, com a Justiça argentina abrindo investigação e realizando buscas na sede da Andis e na empresa Suizo Argentina. Na quinta-feira (21), Diego Spagnuolo foi demitido de seu cargo. A queixa foi apresentada por Gregorio Dalbón, um dos advogados de Cristina Kirchner, e ocorre no momento em que o Congresso acaba de anular o veto de Milei a uma lei que declarava emergência para deficientes e fornecia mais financiamento para o setor. Ele fala em uma "matriz de corrupção". 👥 Quem são os envolvidos? Karina Milei: irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, acusada de receber parte das propinas. Ela tem uma influência fundamental na hora de decidir quem tem acesso ao presidente e quem não tem e, com poucas exceções, sempre o acompanha em suas viagens e aparições públicas. Eduardo “Lule” Menem: braço direito de Karina, é um dos principais agentes políticos do governo argentino. Ele é apontado como um dos principais líderes da suposta rede de corrupção. Diego Spagnuolo: ex-chefe da Andis, autor dos áudios e agora investigado. É advogado e, até quinta-feira, era frequentador assíduo da Casa Rosada e confidente próximo de Milei. Emmanuel e Jonathan Kovalivker: empresários da Suizo Argentina, empresa intermediária na venda de medicamentos ao Estado. Emmanuel foi encontrado com US$ 266 mil em espécie e Jonathan está foragido. Daniel Garbellini: diretor da Andis, também afastado. Era o elo entre a agência e os irmãos Kovalivker. Spagnuolo o chama de "criminoso" em uma das gravações de áudio vazadas: "Me designaram um cara que cuida de tudo relacionado aos meus cofres". ⚖️ Como estão as investigações? A Justiça argentina realizou pelo menos 16 buscas na sexta-feira (22). Nessa operação, foram apreendidos celulares, máquinas de contar dinheiro e centenas de milhares de dólares em espécie: US$ 266 mil - R$ 1,5 milhão, na cotação atual. Spagnuolo é um dos cinco réus até o momento no processo que investiga os supostos subornos, acusações de corrupção, administração fraudulenta e violações à ética pública. O juiz federal Sebastián Casanello, que está cuidando do caso, proibiu a saída dos investigados do país como medida cautelar. A veracidade dos áudios ainda não foi comprovada pela Justiça. Quatro celulares apreendidos durante os mandados de busca, incluindo o de Diego Spagnuolo, ex-chefe da ANDIS e autor dos áudios que deram origem ao caso, estão sendo analisados pela perícia e são considerados provas-chave para confirmar ou refutar as acusações de corrupção. 🗣️ O que o governo falou? Javier Milei ainda não se pronunciou diretamente sobre o caso. A saída de Spagnuolo foi anunciada por um porta-voz, junto com a intervenção da Andis e a promessa de uma auditoria. Nesta segunda-feira (25), ele demonstrou apoio a irmã e posou sorridente a seu lado em 1ª aparição pública após as denúncias, mas não falou diretamente das acusações. Criticou o Congresso e a imprensa. O chefe de gabinete, Guillermo Francos, afirmou que o presidente está "tranquilo" e sugeriu que se trata de uma perseguição política em meio à campanha eleitoral. Martín Menem, presidente da Câmara dos Deputados e primo de Lule, defendeu os acusados: “Ponho as mãos no fogo por Lule Menem e Karina Milei", disse, classificando os áudios como uma “monumental operação política”. ⚠️ Caso pode impactar Milei? O caso tem potencial de impactar aliados de Milei nas eleições legislativas de outubro e na disputa para o governo da província da capital, Buenos Aires, que ocorre daqui a duas semanas. O Parlamento estuda abrir uma CPI para investigar as denúncias contra a irmã de Milei, o que aumentaria o desgaste político (saiba mais no vídeo abaixo). Caso Karina seja considerada culpada, o presidente argentino perde potencialmente seu braço direito e também arranha o discurso anticorrupção que o levou ao poder, avaliou a colunista do g1 Sandra Cohen. Parlamento pode abrir CPI sobre suborno de irmã de Milei